Login
Lembrar Senha

"O DESAFIO DO ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA NOS ESTÁDIOS DE FUTEBOL NO BRASIL" - Redação

"O DESAFIO DO ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA NOS ESTÁDIOS DE FUTEBOL NO BRASIL"

Instruções para a redação

1. O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.

2. O Texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas.

3. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.

4. Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:

   4.1. tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “texto insuficiente”.

   4.2. fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo.

   4.3. apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto.

Textos Motivadores

Sobre a proposta

TEXTO 1

Onda de violência no futebol pede intervenção firme do Estado, dos esportistas e de todos nós

Gabriela Anelli, de apenas 23 anos, está morta. Por uma garrafada atirada por um torcedor do adversário. Ela queria ver Palmeiras x Flamengo. Não conseguiu. E não verá mais nenhuma partida. Ela será mesmo só mais uma vítima da violência no nosso futebol? Ou a morte dela vai fazer com que as coisas sejam diferentes a partir de agora? A polícia prendeu em flagrante Leonardo Felipe Xavier Santiago, flamenguista de 26 anos, por ter atirado garrafa e ter causado a morte da jovem palmeirense. Tudo indica que ele passará alguns aninhos apenas na cadeia, talvez com algumas regalias em algum tempo, talvez esteja frequentando estádios em temporadas não tão distantes. A impunidade é uma das doenças do Brasil. Crimes acontecem em quase todos os jogos de futebol, às vezes em aeroportos, hotéis, motéis, bares, baladas etc (de racismo a homofobia, de ameaça a agressão, de roubo a morte). A paixão pelo esporte seria o combustível e também a desculpa para essa onda de violência. Mas tem muito mais coisa por trás disso tudo. E coisas que, infelizmente, não são tão belas como a paixão. Nada justifica a violência. Não importa se é contra jogador, treinador, árbitro, dirigente, jornalista, torcedor. O que digo aqui é óbvio, e existem leis para punir quem causar algum tipo de dano. Mas neste país, como escrevi no post anterior, quase ninguém acredita nas instituições, nem mesmo na Justiça. Há uma certa sensação, que é antiga, de que o futebol é um mundo à parte, que tudo é permitido quando se está em um estádio. Não se vê alguém depredando o metrô quando se está indo para o trabalho ou para a escola, mas não raramente vemos vandalismo em patrimônio público antes ou após partidas de futebol. Torcedores, sobretudo os “organizados”, atacam em bando adversários, rivais. Isso vem pelo menos desde a década de 90 com alguma frequência no país (a violência ligada ao futebol começou para valer no nosso continente nos anos 60, quase simultaneamente nasceram muitas torcidas organizadas). Tanto que em São Paulo a “solução” foi adotar torcida única nos jogos entre os times grandes. Hoje, até mesmo quem contesta essa decisão, que impede o direito de ir e vir, vai preferir essa medida polêmica a ver mais mortes estúpidas como a da Gabriela Anelli.


Torcedora do Palmeiras faleceu após uma briga na frente do Allianz Parque

Na Inglaterra, o genuíno país do futebol, a onda de hooliganismo foi abortada com uma intervenção firme do Estado. O Relatório Taylor nasceu após a tragédia de Hillsborough em 1989. Poucos anos depois, surgia a Premier League, liga nacional mais vista e admirada no mundo, um modelo que quase todos tentam copiar. Os estádios ingleses viraram um lugar para pessoas sentadas apenas, espectadores com bilhetes e assentos marcados. Houve um combate a cercas, barreiras, catracas, além de um controle maior na venda de bebidas alcoólicas dentro dos estádios. Um combo que alguns chamam de Nutella, mas que resolveu bem o problema da violência, também porque lá as punições para quem fere a lei são severas, quem atenta de alguma forma contra o futebol fica invariavelmente fora do futebol. Em 1985, devido à tragédia de Heysel na final da Copa dos Campeões da Europa entre Liverpool e Juventus, os clubes ingleses ficaram proibidos de jogar competições oficiais da Uefa por cinco temporadas. Uma medida que ajudou também na conscientização de que o Reino Unido precisava de alguma forma mudar drasticamente sua relação, mais que secular, com o esporte mais popular do planeta.

E é exatamente isso o que o Brasil precisa: mudar seu jeito de tratar o futebol. Em todos os níveis e em todas as áreas, uma união em torno da paz se faz necessária. Não dá para dirigentes de Flamengo e Palmeiras, os times mais endinheirados e poderosos do país já faz alguns anos, ficarem trocando farpas públicas nos mais diversos temas, incentivando de alguma forma a rivalidade besta entre as equipes, insinuando sistemas e esquemas sem provas. Por questões de ego e vaidade, às vezes, cartolas que adoram holofotes e que sonham com uma hegemonia de seus times passam dos limites. Mesmo após a triste morte da jovem torcedora palmeirense, o truculento presidente do Conselho de Administração do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, o Bap, postou algo que mostra pouca ou nenhuma sensibilidade. “Jogamos no país inteiro sem problemas com nenhuma polícia ou torcida. Mas em SP, contra o Palmeiras, nossa torcida é considerada como problemática. Há anos tentam impedir a presença da nossa torcida em jogos contra eles”. Mesmo nesse momento de luto, o cartola rubro-negro não abaixa as armas e parece desejar ainda mais conflito com o adversário “inimigo”. O chocante caso da Gabriela Anelli fez com que Tiago Leifert virasse um dos assuntos da segunda-feira, pois ele deu informação errada sobre a vítima do fim de semana esportivo. Ele até pediu desculpas depois, mas foi bastante criticado porque parecia culpar inicialmente a Gabriela por sua morte, basicamente por ter sido de torcida organizada. Eu citei o Tiago Leifert porque agora trato aqui da imprensa, que tem papel importante para denunciar quem causa dano ao futebol e à sociedade e que não deve fomentar ainda mais o ódio que vemos neste momento no esporte. Algumas vezes, em busca de audiência ou de cliques, pessoas da mídia (tradicional e “blogueirinhos”) passam do ponto e estimulam o ódio entre os times e seus torcedores. De fato, é uma tremenda responsabilidade falar ou escrever sobre assuntos que envolvam paixão, como é o caso do futebol. Termos militares que são tradicionalmente usados no esporte, como guerra ou batalha, deveriam ser evitados, na minha opinião. Tudo está muito bélico, há muita intolerância e raiva. A coisa já está fora de controle.

Luan, no fim da passagem no Grêmio e depois no Corinthians, não tem sido o melhor dos profissionais há alguns anos, comentei já algumas vezes sobre isso, mas nada justifica uma perseguição seguida de agressão a ele em um motel ou em qualquer lugar. Assim como nada justifica uma garrafa no pescoço da Gabriela. A humilhação pela qual passou Gil, zagueiro corintiano, em um hotel em Minas Gerais foi deprimente. Um torcedor o chamando de vagabundo, acusando o beque de estar roubando o Corinthians simplesmente por ele não estar em seu melhor momento. A impaciência é geral, seja em São Januário ou na Vila Belmiro. Dentro de campo e nas coletivas, vemos um comportamento que vai além do competitivo por parte de integrantes de comissão técnica. Abel Ferreira, ótimo treinador palmeirense, outro dia tomou o celular de um jornalista que estava na área de imprensa. Dias depois, insano, estava partindo para cima de Calleri no jogo. E, se alguém o critica, passa a ser massacrado por adoradores dele. As mídias sociais ajudaram demais a turbinar essa onda de ódio, todo mundo passou a ter o poder de ofender e até ameaçar, acreditando que ainda passarão impunes com seus crimes na internet.  

Muita gente já esperava uma morte no futebol brasileiro para estes dias. Era algo meio que cantado. Não sabíamos se a vítima seria jogador, treinador, juiz, jornalista ou torcedor. Acabou sendo uma garota que não estava nessa vibe de ódio, que foi a campo apenas para desfrutar do seu time de coração, uma jovem que deveria virar mártir na luta contra a violência no futebol, talvez dar nome para a liga independente da CBF que só não nasce porque há uma eterna desunião entre os clubes, porque há muita cobiça e vaidade, pouca preocupação com o outro. Pouco tempo depois de a Gabriela agonizar na entrada do Allianz Parque, em campo atletas de Palmeiras e Flamengo, assim como alguns torcedores, sentiam os efeitos do gás lançado pela polícia para tentar deter um outro tumulto fora da arena palmeirense. Sei que os sindicatos de jogadores no Brasil pouco funcionam e às vezes são até explorados por algumas poucas pessoas, mas deveriam pensar seriamente em paralisar o futebol por aqui enquanto este cenário persistir. Os dirigentes deveriam se reunir e fazer um pacto pela paz, evitando declarações ácidas contra os adversários, promovendo mais respeito e cortando relação com organizadas.

Há muitas coisas importantes que precisam ser feitas, inclusive pelo Estado, e há tantas coisas simples que podem ser feitas por qualquer um de nós. E o resultado disso tudo tende a ser muito mais do que positivo, pode ser incalculável: o valor de uma vida.

Fonte: https://www.espn.com.br/blogs/rodrigobueno/819992_onda-de-violencia-no-futebol-pede-intervencao-firme-do-estado-dos-esportistas-e-de-todos-nos


TEXTO 2

Violência entre torcidas: Problema assombra o futebol brasileiro desde a década de 90

Para autoridade, falta de rigor na punição é o principal motivo de tantos casos de violência no esporte

A briga entre torcidas no futebol brasileiro sempre foi um assunto bastante debatido. Principalmente após o surgimento e crescimento das torcidas organizadas, a rivalidade entre os clubes deixou de existir somente dentro de campo. Os anos 90 foram marcados por violentas brigas de torcidas organizadas no Estado de São Paulo. Em 1995, ocorreu um dos episódios de violência mais marcantes da história do Brasil.

Palmeiras e São Paulo disputavam a final da Super Copa SP de Juniores no estádio do Pacaembu. Após o apito final, a Mancha Verde (torcida organizada do Palmeiras) entrou em campo para comemorar a vitória sobre o rival. Os integrantes da Independente (torcida organizada do São Paulo) também invadiram o gramado e as torcidas entraram em confronto.

 Na época, uma reforma estava sendo feita no Pacaembu e pedras e pedaços de paus foram encontrados pela torcida Tricolor e usados como armas no confronto. A briga deixou mais de 100 feridos e um torcedor alviverde foi morto com pauladas na cabeça por um são-paulino, que foi condenado a 12 anos de prisão.

Após a imprensa repercutir muito o caso, o Ministério Público solicitou a extinção de ambas as torcidas. Além disso, os membros das organizadas estavam proibidos de entrar nos estádios com os uniformes de cada organização, com as bandeiras e com seus instrumentos musicais. Porém, os fanáticos seguiam indo aos jogos sem o traje proibido e os confrontos continuaram acontecendo.

Na época, as organizadas de ambos os clubes ainda mudaram seus nomes para que não seguissem “extintas”. A Mancha Verde passou a se chamar Mancha Alvi Verde e a Independente se tornou Torcida Independente Tricolor.

Depois da tragédia no Pacaembu, discutiu-se por quase 10 anos sobre as instituições de torcedores e como elas deveriam participar de um evento de futebol. Em 2003, foi criado o Estatuto do Torcedor para garantir direitos e deveres aos torcedores. Algumas das leis e proibições que vigoram hoje, estão presentes no Estatuto desde sua criação. Os membros de torcidas organizadas, por exemplo, só podem entrar com seus uniformes, instrumentos musicais e faixas em uma parte do estádio. A entrada de bandeiras de mastro seguiu proibida por todo esse período. No entanto, na última semana, a Justiça autorizou seu retorno.

Em 2016, Palmeiras e Corinthians se enfrentaram no Pacaembu, mas o que ficou marcado foram as brigas entre as organizadas antes e depois da partida, na zona leste de São Paulo. Um torcedor foi morto no confronto e 57 foram detidos. Entretanto, todos os detidos foram liberados após prestar depoimento.


Código do tema: Eol 1057

+ Propostas de Redação
Acesse os textos motivadores do tema clicando em LEIA MAIS.